O Anhangá, as vezes chamado de Ingange, é um espírito maligno, temido pelos Indigenas da área Amazônica. Dizem os habitantes dali que essa entidade seria responsável por todos os males que ocorrem na selva. Até por isso, a palavra Anhangá pode ser traduzida simplesmente por “Coisa má”.
Essa
entidade é descrita geralmente possuindo a aparência de um veado com olhos de
fogo, que além de enganar os caçadores, desviando o tiro de suas armas rumo ás
pessoas queridas, também pode trazer febre e loucura a quem o vê. Na verdade,
uma das piores coisas que podem acontecer a um ser humano é encontrar um
Anhangá, pelo menos assim afirmam os indígenas. Eles dizem que quando esse ser
é visto ou ouvido, traz para quem o percebe algum tipo de desgraça. E todos os
lugares frequentados por ele são considerados mal assombrados. É tão terrível
um encontro com esse ser, que os indígenas o temem ao extremo, ao ponto de
fazer qualquer sacrifício para que não precisem encontra-lo.
Desenho e cores: Eduardo Duval, Frata Soares e André Leão |
Algumas
versões das histórias chamam esse espírito maligno de o “Deus dos Pesadelos”.
Outros ainda o tratam como a mesma criatura que é chamada de Jurupari. Uma
outra lenda apavorante da amazonia que possui várias versões, e em uma delas
também é considerado um tipo de Deus dos pesadelos.
Voltando
ao Anhangá, há algumas lendas que envolvem encontros com esse ser. Existe uma
lenda de uma marinheiro estrangeiro no Brasil que morreu de pavor ao ser
perseguido por três veados que ele não conseguia matar. Outra lenda ainda
afirma que o Anhangá enganou um caçador abater a própria mãe em castigo por
matar um animal que estava prestes a dar a luz. Essas duas lendas trazem a tona
uma outra versão do Anhangá, que é a de um Deus protetor das matas. Ele
protegeria os pequenos animais e as plantas de seres humanos, não deixando nem
mesmo os índios caçarem para subsistência. Dizem que qualquer caçador que
ameaçar um animal, principalmente se esse animal for uma fêmea amamentando seu
filhote ou mesmo um filhote, será caçado violentamente pelo Anhangá.
Diz
uma lenda que há muito tempo, um índio insistiu em perseguir um veado fêmea,
mesmo percebendo que ela estava com sua cria. No alto de uma montanha, anhangá,
com seus olhos vermelhos, observava a cena. Com grande crueldade, o índio armou
seu arco e fecha e disparou contra o filhotinho, ferindo o pobre animal. Não
satisfeito com isso, agarrou o pobrezinho e escondeu-o atrás de uma árvore. Apavorado,
o filhote gritou pela sua mãe. Ao ouvir os gritos desesperados do filhote, a
veada aflita correu na direção da árvore. O índio, com sua arma preparada,
disparou uma flechada na pobre mãe. Todo alegre aproximou-se do animal caído e foi
então que teve uma surpresa... era a sua mãe caída no lugar do veado. Então, aos
gritos o índio o percebeu que fora vítima de uma ilusão criada pelo grande
veado branco, chamado Anhangá. E saiu correndo pela floresta.
Dizem
ainda algumas lendas que se esse ser, sob a forma de um Veado com olhos de
fogo, for visto por algum no dia de suas núpcias, essa pessoa inevitavelmente
virá a morrer dentro de pouco tempo. Mas além da forma de veado, ele poderia
assumir outras formas, como a galinha do mato, morcego, macaco, rato, tatu,
boi, pirarucu e até mesmo um ser humano. Também poderia aparecer sob a forma de
um veado branco, mas com uma cruz na testa, exatamente entre os olhos.
Há
ainda uma outra história que fala sobre essa entidade, nessa versão ela é
chamada de Ingange. E quem conta é o alemão Hans Staden, famoso explorador que
foi capturado por indígenas no período colonial do Brasil. Quando estava cativo
dos tupinambás, ouviu os habitantes da tribo falarem sobre essa entidade.
Segundo ele, “os índios não gostam de sair das cabanas sem luz, tanto medo que
eles tem do Diabo, a quem chamam de Ingange, o qual frequentemente aparece para
eles”.
Há
quem diga que há uma forma de agradar ou acalmar essa criatura. Se diz que caso
se ofereça aguardente ou fumo, ele lhe dará proteção. Além disso, queimar
castanhas de caju e fazer cruzes com madeira tiradas da própria floresta são
duas formas de o manter afastado. Mas independente do que seja feito, nada
funcionará caso a pessoa desrespeite a natureza, e ele será tomado por uma
fúria vingativa caso isso aconteça.