sexta-feira, 15 de abril de 2022

Anhangá, o espírito Maligno da Amazônia

 O Anhangá, as vezes chamado de Ingange, é um espírito maligno, temido pelos Indigenas da área Amazônica. Dizem os habitantes dali que essa entidade seria responsável por todos os males que ocorrem na selva. Até por isso, a palavra Anhangá pode ser traduzida simplesmente por “Coisa má”. 

Essa entidade é descrita geralmente possuindo a aparência de um veado com olhos de fogo, que além de enganar os caçadores, desviando o tiro de suas armas rumo ás pessoas queridas, também pode trazer febre e loucura a quem o vê. Na verdade, uma das piores coisas que podem acontecer a um ser humano é encontrar um Anhangá, pelo menos assim afirmam os indígenas. Eles dizem que quando esse ser é visto ou ouvido, traz para quem o percebe algum tipo de desgraça. E todos os lugares frequentados por ele são considerados mal assombrados. É tão terrível um encontro com esse ser, que os indígenas o temem ao extremo, ao ponto de fazer qualquer sacrifício para que não precisem encontra-lo.

Desenho e cores: Eduardo Duval, Frata Soares e André Leão


Algumas versões das histórias chamam esse espírito maligno de o “Deus dos Pesadelos”. Outros ainda o tratam como a mesma criatura que é chamada de Jurupari. Uma outra lenda apavorante da amazonia que possui várias versões, e em uma delas também é considerado um tipo de Deus dos pesadelos.

Voltando ao Anhangá, há algumas lendas que envolvem encontros com esse ser. Existe uma lenda de uma marinheiro estrangeiro no Brasil que morreu de pavor ao ser perseguido por três veados que ele não conseguia matar. Outra lenda ainda afirma que o Anhangá enganou um caçador abater a própria mãe em castigo por matar um animal que estava prestes a dar a luz. Essas duas lendas trazem a tona uma outra versão do Anhangá, que é a de um Deus protetor das matas. Ele protegeria os pequenos animais e as plantas de seres humanos, não deixando nem mesmo os índios caçarem para subsistência. Dizem que qualquer caçador que ameaçar um animal, principalmente se esse animal for uma fêmea amamentando seu filhote ou mesmo um filhote, será caçado violentamente pelo Anhangá.

Diz uma lenda que há muito tempo, um índio insistiu em perseguir um veado fêmea, mesmo percebendo que ela estava com sua cria. No alto de uma montanha, anhangá, com seus olhos vermelhos, observava a cena. Com grande crueldade, o índio armou seu arco e fecha e disparou contra o filhotinho, ferindo o pobre animal. Não satisfeito com isso, agarrou o pobrezinho e escondeu-o atrás de uma árvore. Apavorado, o filhote gritou pela sua mãe. Ao ouvir os gritos desesperados do filhote, a veada aflita correu na direção da árvore. O índio, com sua arma preparada, disparou uma flechada na pobre mãe. Todo alegre aproximou-se do animal caído e foi então que teve uma surpresa... era a sua mãe caída no lugar do veado. Então, aos gritos o índio o percebeu que fora vítima de uma ilusão criada pelo grande veado branco, chamado Anhangá. E saiu correndo pela floresta.

Dizem ainda algumas lendas que se esse ser, sob a forma de um Veado com olhos de fogo, for visto por algum no dia de suas núpcias, essa pessoa inevitavelmente virá a morrer dentro de pouco tempo. Mas além da forma de veado, ele poderia assumir outras formas, como a galinha do mato, morcego, macaco, rato, tatu, boi, pirarucu e até mesmo um ser humano. Também poderia aparecer sob a forma de um veado branco, mas com uma cruz na testa, exatamente entre os olhos. 

Há ainda uma outra história que fala sobre essa entidade, nessa versão ela é chamada de Ingange. E quem conta é o alemão Hans Staden, famoso explorador que foi capturado por indígenas no período colonial do Brasil. Quando estava cativo dos tupinambás, ouviu os habitantes da tribo falarem sobre essa entidade. Segundo ele, “os índios não gostam de sair das cabanas sem luz, tanto medo que eles tem do Diabo, a quem chamam de Ingange, o qual frequentemente aparece para eles”.

Há quem diga que há uma forma de agradar ou acalmar essa criatura. Se diz que caso se ofereça aguardente ou fumo, ele lhe dará proteção. Além disso, queimar castanhas de caju e fazer cruzes com madeira tiradas da própria floresta são duas formas de o manter afastado. Mas independente do que seja feito, nada funcionará caso a pessoa desrespeite a natureza, e ele será tomado por uma fúria vingativa caso isso aconteça.

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